Afinal quem é Isabel dos Santos, empresária ou bisneira?

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Para quem não é conhecido com a linguagem urbana de Luanda, o termo bisneiro(a) provêm do termo inglês “’business’ or ‘business man/woman’”. Mas contrariamente ao termo do qual deriva, o termo ‘bisneiro(a)’ carrega uma conotação negativa, significando na linguagem urbana burlador(a), mentiroso(a).


No auge da economia angolana, quando país mergulhava em dólares, do nada surgiu Isabel dos Santos, filha do então Presidente da República, tornando-se na empresária mais bem-sucedida do país e na mulher mais rica de África. Facto que levou milhares de angolanos a questionaram como é tudo aconteceu e de onde é que vinha o seu dinheiro. A resposta de Isabel dos Santos, dizendo que desde criança vendia ovos, insinuando que a sua fortuna tivesse vindo daí, trouxe ainda mais perguntas e sátira entre os angolanos e não só.

Contrariamente ao período 2002 e 2017 em que Isabel tinha tudo ao seu favor, com a bênção do pai, nos últimos 6 meses, desde que o pai abandonou a presidência do país, Isabel dos Santos tem vindo a aparecer nos meios de comunicação de forma negativa, envolvida em processos-crime sob investigação criminal, desvios de fundos, apropriação indevida de fundos, fuga ao fisco etc., o que leva certamente milhares de angolanos questionaram, quem é afinal de contas Isabel dos Santos?

No mais recente caso em que envolve a empresa brasileira Oi que acusa os sócios angolanos da Unitel SA, incluindo a Sonangol, general Dino e a própria Isabel dos Santos, de impedirem que receba dividendos num valor aproximado de 600 milhões de euros e de terem praticado uma série de operação lesivas aos interesses da Unitel SA em benefício de Isabel dos Santos.

O que aconteceu é que a Unitel SA (nossa Unitel) emprestou 465 milhões de dólares a Unitel International Holdings (Unitel da Isabel dos Santos, sediada na Holanda), mas como não tinha como pagar esses valores de volta, assinou um outro contrato fictício de prestação com Tokeyna (também empresa de Isabel dos Santos sedeada nas Ilhas Virgens) no valor de 150 milhões dólares e cedeu à dívida a Tokeyna. O que significa que em vez da Unitel International Holdings devolver os valores emprestados, essa obrigação passou para Tokeyna que podia discontar nos valores que tinha a receber pela prestação de serviços.

O problema é que a Tokeyna é uma empresa fantasma que não tem trabalhadores e portanto não tem como prestar serviços algum. O mais agravante é que o contrato de cedência só obrigava a Tokeyna a devolver 150 milhões de dólares a Unitel SA (nossa Unitel), ao contrário dos 465 milhões emprestado a Unitel International Holdings (de Isabel dos Santos).

Questionada (na qualidade de PCA da Unitel SA) pelos advogados da PT ventures sobre esses contratos, Isabel dos Santos revelou reconhecer as assinaturas, que eram suas mas, “disse não saber nada sobre os detalhes dos contratos”, de acordo com transcrições da audiência publicadas ontem pelo “Público”.

Segundo ainda “Público”, a empresária alega que esses documentos são preparados pelos advogados, contabilistas ou consultores internos ou externos, ou mesmo outros administradores da operadora móvel e que “só assina” (sem ler) “em sede de assembleia geral de acionistas”.

 

De acordo com as transcrições da audiência que durou cerca de cinco horas, num hotel de Paris, a empresária usou várias vezes como resposta “não sei” e “não sou boa com datas” para responder as perguntas feitas pelos juízes.

A pergunta que se segue é a seguinte: Que empresário assina um contrato de quase meio bilião de dólares sem ler? Será que Isabel dos Santos na verdade não sabe de nada (é assim tão ingénua) ou é uma tentativa deliberada para ilibar-se de qualquer responsabilidade?

Para quem sempre tentou mostrar ser muito competente, esses acontecimentos contam uma história muito diferente. Em sede deste e todos os outros casos sob investigação criminal, voltamos a questionar, quem é afinal Isabel dos Santos, uma empresária ou uma bisneira?

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