Guerra na Ucrânia: Governo ucraniano pede à UE sistemas de defesa militar

 

A Ucrânia está a apelar aos países da União Europeia o envio para o país de sistemas de defesa militar terra-ar e antimísseis, assim como o recurso a "todos os meios" para afetar os satélites russos.

Numa lista de pedidos enviada para Bruxelas, horas antes de um decisivo Conselho Europeu, o governo de Kiev apela ainda às "restrições mais severas contra a Bielorrússia, que apoiou diretamente a invasão russa em larga escala".

O documento apela ainda ao fim das licenças de programas informáticos para uso nos equipamentos militares e civis pela Rússia e Bielorrússia; para as autoridades europeias bloquearem ou interferirem com os sistemas russos de navegação por satélite ativos sobre o Mar Negro e o Mar de Azov.

secretário-geral da NATO considerou esta quinta-feira, em Bruxelas, que a Rússia lançou "uma guerra brutal" contra a Ucrânia e com isso "estilhaçou" a paz no continente europeu.

Pelas seis horas da manhã em Moscovo, três da manhã em Lisboa, o Presidente da Rússia ordenou uma ofensiva militar na região ucraniana do Donbass para alegadamente "desmilitarizar e desnazificar" o país vizinho, lê-se na agência russa TASS, mas a ofensiva foi afinal mais vasta e já fez dezenas de mortes civis.

A Polónia está a preparar um comboio médico para transportar os ucranianos feridos na sequência da ofensiva russa, anunciou o ministro da Saúde Adam Niedzielski, acrescentando estarem a ser preparados 120 hospitais onde as vítimas desta invasão podem receber assistência.

Jens Stoltenberg pediu uma cimeira urgente dos líderes da NATO nesta sexta-feira. A aliança atlântica aprovou o reforço dos recursos nos países membros mais a leste, perto da Ucrânia e da Rússia e ativou o plano de defesa do bloco.

Portugal, membro fundador, integra este ano as Forças de Reação Rápida da aliança atlântica e tem um dispositivo "com uma prontidão a cinco dias" para estarem às ordens do comando, se essa for a decisão do Conselho do Atlântico Norte.

A NATO anunciou para esta sexta-feira uma nova reunião, para a qual convidou os parceiros informais Suécia e Finlândia, e ainda a União Europeia, na qual deverá decidir novos passos a dar perante a ofensiva russa.

"A Rússia atacou a Ucrânia", disse Stoltenberg. "É um ato de guerra brutal e os nossos pensamentos estão com o povo corajoso da Ucrânia," declarou o secretário-geral da Aliança, que reiterou ser de defesa e exclusiva dos membros da NATO, o que a Ucrânia não é e, por isso, o bloco apenas pode continuar a apoiar os ucranianos com equipamento e formação.

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Guerra na Ucrânia: NATO e União Europeias unidas contra "um ato de guerra brutal"

Após a reunião desta manhã com a NATO, a presidente da Comissão Europeia antecipou os impactos das novas sanções em discussão entre os "27" para agravar as jé "severas" penalizações sobre a economia russa anunciadas após a declaração de reconhecimento da independência das regiões separatistas ucranianas.

Estas sanções vão suprimir o crescimento económico da Rússia, aumentar os custos de empréstimos, agravar a inflação, intensificar a saída de capital e corroer gradualmente a base industrial do país.
Ursula von der Leyen
Presidnete da Comissão Europeia

Esta quinta-feira à noite, realiza-se um Conselho Europeu extraordinário, que se antevê quente devido por exemplo à posição da Hungria de não se opor explicitamente à decisão de Putin.

A líder da Comissão Europeia espera ver aprovada medidas que "vão enfraquecer a posição tecnológica da Rússia em áreas-chave onde a elite russa ganha a maior parte do dinheiro".

Presidente ucraniano anunciou estar em formação uma coligação internacional contra Rússia, que acusa de ter atacado a Ucrânia "traiçoeiramente pela manhã, como os nazis alemães faziam nos ans da Segunda Grande Guerra".

"Falei com Biden (EUA), Johnson (Reino Unido), Charles Michel (Conselho Europeu), Duda (Polónia), Nauseda (Lituânia). Estamos a formar a coligação anti-Putin," afirmou Volodymyr Zelensky numa das inúmeras comunicações ao país proferidas esta quinta-feira.

O presidente da Ucrânia acrescentou ter apelado aos líderes internacionais "para que definam todas as sanções possíveis contra Putin e fomentem um apoio de defesa em grande escala".

"A partir de hoje, os nossos países estão em diferentes lados da história mundial", afirmou o Presidente da Ucrânia, acusando a Rússia de ter "embarcado num caminho diabólico" e garantiu que "a Ucrânia está a defender-se e não vai desistir da liberdade independentemente do que Moscovo pensar".

O embaixador ucraniano na Turquia pediu ao governo de Recep Tayyp Erdogan para restringir a passagem de navios de guerra russos pelo estreito do Bósforo e Dardanelos, noticiou o jornal turco Yeni Safak.

O presidente turco apelou à Rússia para retomar a via da negociação.

Os serviços fronteiriços ucranianos denunciaram esta manhã a alegada participação de soldados bielorrussos na invasão russa.

Em declarações citadas pela agência bielorrusa BeITA, Alexander Lukashenko negou a participação de soldados bielorrusos na ofensiva da Rússia em curso na Ucrânia.

O que é a CSTO?

A Organização do Tratado de Segurança Coletiva (CSTO, na sigla anglófona) é uma aliança de seis antigas repúblicas soviéticas (Arménia, Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia e Tajisquistão) fundada em fevereiro de 1992 como Forças Armadas Unidas e rebatizada escassos meses depois para Tratado de Segurança Coletiva e tornada, finalmente, CSTO em 2002.

O Usbequistão fez parte dos fundadores e em 1993 juntaram-se também o Azerbaijão e a Geórgia, mas este trio abdicou da aliança em 1999.

A aliança é similar à NATO, tem uma base militar e de cooperação entre os estados. A sede está localizada em Moscovo, na Rússia, e anualmente são realizados exercícios envolvendo militares dos aliados.

A atual intervenção no Cazaquistão é a primeira operação num cenário de conflito real para as chamadas Forças de Paz da CSTO.

Site oficial da CSTO

O presidente da Bielorrússia, confesso aliado da Rússia e membro do CSTO, disse ainda ser necessário que a Ucrânia encontre formas de "evitar derramamento de sangue e um massacre", desejando que a situação não se torne "numa guerra de grande escala".

A ofensiva russa foi anunciada pelas 06h da manhã, mas terá começado meia hora mais cedo, revela por exemplo um enviado especial a Kiev do jornal inglês The Guardian. O ataque russo integra artilharia e equipamento pesada, apoiados por armas ligeiras, acrescenta o mesmo serviço ucraniano.

O líder da república separatista de Donetsk, Denis Pushilin, que tinha pedido apoio à Rússia para uma ofensiva de conquista de território à Ucrânia, anunciou que o quartel-general das forças armadas da Ucrânia no Donbass estava "praticamente destruído" esta manhã.

O progresso da ofensiva

Ao contrário do que anunciou Vladimir Putin, a ofensiva não se cingiu ao Donbass, mas sim a toda a linha fronteiriça ucraniana com a Rússia e a Bielorrússia, e também pela Crimeia, a sul. As mortes, os feridos e os deslocados avolumam-se.

"Estas operações estão a acontecer dentro das regiões de Lugansk, Sumy, Kharkiv, Chernihov e Zhitomir. um ataque estará já também em curso a partir dos territórios temporariamente ocupados da República Autónoma da Crimeia", afirmou a Guarda Fronteiriça Ucraniana.

Há relatos de explosões em Mariupol, Odessa e Kharkiv. Em Kiev, desde bem cedo que se ouve o som de explosões. As forças armadas russas afirmam ter destruído os sistemas de defesa aérea e ter neutralizado bases aéreas da Ucrânia, numa aparente tentativa de cortar a defesa militar e o acesso ao Mar Negro.

A Ucrânia noticiou o bombardeamento russo de um hospital na região de Donetsk, provocando a morte de pelo menos quatro pessoas e deixando ainda uma dezena de feridos. Por volta das 13h45, hora de Lisboa, as forças ucranianas contabilizaram pelo menos 203 ataques russos desde o início da ofensiva, dez horas antes.

O Estado Maior das Forças Armadas ucranianas revelou estarem curso ataques contra os aeródromos de várias cidades desde as cinco horas da manhã (menos três horas em Lisboa), mas que "as forças de defesa estão em total alerta e a manter as posições defensivas". "A situação está sob controlo", garantia o EMFAU.

O Serviço de Emergência da Ucrânia anunciou a explosão de uma torre de televisão na cidade Lutsk, no ocidente do país, já perto da fronteira com a Polónia, um estado membro da NATO.

As operações em 12 aeroportos no sul da Rússia foram suspensas temporariamente, informou a Agência Federal Russa dos Transportes Aéreos. Uma medida justificada pelo organismo com "a complicada situação em torno da Ucrânia".

Do outro lado, a Ucrânia fechou o espaço aéreo "devido ao alto risco para a segurança da aviação civil", informou o regulador aéreo ucraniano, e o sistema energético mantém-se operacional.

"O sistema de energia ucraniano está desligado dos sistemas da Rússia e da Bielorrússia. Todas as instalações da rede operam sob segurança reforçada", informou a Ukrenergo, a empresa de energia da Ucrânia.

O último relatório da equipa de observadores da Organização para a Cooperação e Segurança na Europa, difundido esta quarta-feira, dá conta do bloqueio imposto por homens armados afetos às repúblicas separatistas, apoiados por soldados com uniformes russos, de que pudessem realizar as missões de observação em áreas da zona reclamada pelos rebeldes.

Reação internacional

O primeiro-ministro do Reino Unido juntou-se ao coro de condenações da ofensiva russa e prometeu responder com um "vasto pacote de sanções" que vão "ferir a economia russa".

"Nós e o mundo não podemos permitir que a liberdade [da Ucrânia] seja apagada desta forma. Não podemos nem vamos olhar para o lado..."
Boris Johnson
Primeiro-ministro do Reino Unido

China mantém-se neutra e, numa conferência de imprensa do Ministério dos Negócios Estrangeiros desta manhã, a porta-voz, Hua Chunying, limitou-se a dizer que o conflito entre a Rússia e a Ucrânia se trata de uma situação com "um historial complexo".

"A China está a acompanhar de perto as últimas atualizações na Ucrânia e pede a todas as partes para se conterem e evitem que a situação se descontrole", afirmou Hua Chunying.

A embaixada chinesa na Ucrânia está a aconselhar os respetivos cidadãos e empresas no território, através da rede social WeChat, a procurarem abrigo, longe de janelas de vidro e a manterem o contacto com associações chinesas e os representantes da China no país.

Portugal não deverá sofrer impacto em termos energéticos, um dos maiores receios do norte da Europa, mais dependente do gás e do petróleo russo. "Mais de metade do consumo energético no país provém de energias renováveis", esclareceu o ministro dos Negócios Estrangeiros, em declarações à SIC.

Augusto Santos Silva sublinhou, no entanto, a solidariedade e a lealdade de Portugal com os parceiros europeus, mantendo-se firme na resposta da União Europeia e da NATO à ofensiva da Rússia, apelando aos cidadãos portugueses na Ucrânia para se manterem atentos às recomendações das autoridades locais.

Embaixada de Portugal na Ucrânia aconselhou os cidadãos nacionais no território ucraniano a abandonarem o país, utilizando preferencialmente as fronteiras terrestres com a Polónia e a Roménia, países da União Europeia.

A União Europeia anunciou o agravamento das sanções decididas esta semana contra interesses russos, num primeiro momento devido ao reconhecimento unilateral da independência de regiões separatistas em território da Ucrânia.

"A Presidente Von der Leyen e o Alto Representante Josep Borrell vão delinear um novo pacote de sanções a ser finalizado pela Comissão Europeia e pelo Serviço de Ação Externa Europeia, em coordenação próxima com os parceiros. O Conselho irá implementá-las rapidamente", lê-se num recente comunicado da Comissão Europeia.

A Presidente Von der Leyen vai liderar uma reunião extraordinária do colégio da Comissão Europeia esta manhã pelas 09h30 (menos uma hora em Lisboa) para preparar o Conselho Europeu desta quinta-feira.

Pouco depois, às 10h (09h em Lisboa), decorre na residência oficial do primeiro-ministro português uma "reunião com o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, o ministro da Defesa Nacional e o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA)", anunciou o gabinete de António Costa.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas estava reunido em Nova Iorque quando a ordem foi dada. António Guterres apelou de imediato à cessação de todas as hostilidades.

A manobra de Putin foi condenada pela NATO e pelos Estados Unidos. O Presidente Joe Biden condenou o ataque à ucrânia, que descreveu como "não provocado e injustificado", e disse que o mundo vai "responsabilizar a Rússia".

Putin acusa os Estados Unidos e os seus aliados de ignorarem a exigência russa para impedir a Ucrânia de aderir à NATO e a Ucrânia de não reconhecer a anexação russa da Crimeia e de não desmilitarizar nas regiões separatistas.

A ordem de avançar

Sem declarar formalmente guerra, o presidente russo deu ordem às tropas para atravessar a fronteira e darem a ajuda militar solicitada pelas regiões rebeldes ucranianas que o Kremlin reconheceu unilateralmente na segunda-feira como independentes.

anúncio aconteceu pelas 06 horas da manhã em Moscovo, menos três horas em Lisboa.

Numa declaração transmitida na televisão, Vladimir Putin justificou a manobra com a alegada necessidade de proteger os cidadãos nas autoproclamadas Repúblicas de Lugansk e Donetsk, "que têm vindo a sofrer de abusos e genocídio por parte do regime de Kiev nos últimos oito anos".

Putin manifestou ainda que não vai autorizar que o país vizinho possa vir a ter armas nucleares, citando supostas afirmações de alegadas forças extremistas ucranianas de que já estarão na posse de armamento nuclear.

O líder russo acusa a NATO de estar a apoiar grupos nacionalistas radicais e neonazis ucranianos para atingir o que denuncia como os interesses da aliança atlântica.

(em atualização)

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