ANGOLA DIZ QUE DEVE 3 MIL MILHÕES A ISRAEL. ISRAEL DIZ QUE NÃO

Embaixador israelita em Luanda diz que Angola não tem qualquer dívida para com Israel e está surpreendido com números do Executivo angolano.
A dívida de Angola a Israel já representa cerca de 8% da dívida externa, com mais 3 mil milhões de dólares, indicam dados recentes do Governo angolano, mas que a Embaixada israelita em Luanda desconhece.

Segundo informação disponibilizada aos investidores internacionais em Maio último, o executivo angolano reconhece que o Governo de Israel, através da Companhia de Seguros de Risco de Comércio Exterior de Israel (ASHRA) tem vindo a assegurar alguns dos fornecedores daquele país a projectos angolanos. Esse seguro envolve nomeadamente “riscos políticos”, permitindo assim que os fornecedores israelitas solicitem financiamento para as exportações para Angola, junto de bancos comerciais. A dívida pública angolana a Israel, que por país é a segunda maior, apenas atrás da China, ascende já a 3 mil milhões de dólares, num total global de 38.300 mil milhões de dólares.
Números que surpreendem o embaixador de Israel em Angola, como admitiu o próprio diplomata, em entrevista à agência Lusa, em Luanda. “Eu desconheço. Só sei de 250 milhões de dólares [210 milhões de euros] que o Estado de Israel deu para Angola, especialmente na área da agricultura. Sobre outros números, eu não sei. Não é dívida para com o Estado de Israel, com certeza”, afirmou o embaixador Oren Rozenblat.
Ainda assim, o diplomata considera que Angola e Israel são “países amigos” e têm um caminho de cooperação para fazer, “especialmente na área da agricultura”. Sobretudo quando Angola vive “em situação difícil”, devido à crise do petróleo. “Nós somos amigos também nas situações difíceis, queremos ajudar, dar dinheiro, especialmente na área da agricultura. Para nós é o futuro da cooperação entre os dois países”, apontou Oren Rozenblat.
O grupo israelita LR tem sido um dos principais investidores no sector agrícola em Angola, através da empresa Vale Fértil, subsidiária angolana. O grupo anunciou em 2017 que pretendia investir 113 milhões de euros na instalação de uma unidade de transformação de fosfato na província do Zaire e uma produção anual acima das 330.000 toneladas de fertilizantes.
O Projeto Integrado de Exploração e Transformação de Fosfato do Lucunga (PIETFL) cuja primeira pedra foi lançada na localidade de Lucunga, município do Tomboco, é tido pelo Governo angolano como prioritário, tendo em conta as avultadas necessidades de importação de fertilizantes e a aposta na agricultura no processo de diversificação da economia, profundamente afetada pela queda nas receitas com a exportação de petróleo.
Envolve uma área de concessão de 504 quilómetros quadrados, onde se estima a existência de 215 milhões de toneladas de rocha fosfatada e jazigos na ordem de 71 milhões de toneladas, com teores de fosfato a rondar os 10%, de acordo com a mesma informação, que aponta ainda para um investimento privado na ordem dos 132 milhões de dólares (113 milhões de euros) até 2019. No pico da produção, a partir de 2022, serão garantidas 550 mil toneladas anuais, gerando receitas brutas superiores a 100 milhões de euros.

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